A política pública do Valor Aluno Ano por Resultados (VAAR) traz inovações significativas ao Fundeb. Um dos diferenciais do VAAR em relação aos já existentes VAAT e VAAF é o foco na melhoria da gestão escolar, especialmente no que diz respeito à equidade na aprendizagem e a diversidade.
Dentre as 5 condicionalidades a serem cumpridas para a transferência de recursos via complementação VAAR, a condicionalidade 3 é a que exige a melhora nos indicadores de equidade, e gera muitas dúvidas acerca de como acompanhar e avançar nestes indicadores. Neste texto vamos explorar os aspectos da Condicionalidade 3 e apresentar caminhos para monitorar e cumprir estas exigências.
Promover a equidade na educação é garantir que todos os alunos, independentemente de sua origem ou condição social, tenham acesso igualitário a oportunidades educacionais de qualidade, eliminando barreiras e promovendo condições justas para que todos possam ter sucesso e atingir o seu pleno potencial.
No Brasil, o mito da democracia racial é uma crença equivocada de que não existem barreiras significativas de desigualdade racial e que todos têm as mesmas oportunidades, independentemente de sua cor ou raça. Este mito mascara as profundas desigualdades raciais existentes, que afetam diversas esferas da vida, incluindo a educação. Reconhecer e desmantelar esse mito é fundamental para implementar políticas eficazes de equidade racial.
A Condicionalidade 3 é fundamental para garantir que os recursos do VAAR sejam distribuídos de maneira equitativa e eficiente, incentivando as redes públicas de ensino a focarem na redução das desigualdades e na melhoria contínua da qualidade da educação. A utilização de dados robustos e metodologias transparentes assegura que os avanços necessários sejam efetivamente alcançados, beneficiando diretamente os alunos mais vulneráveis e contribuindo para uma educação mais justa e inclusiva.
De forma bem prática, o município cumpre a condicionalidade se evoluir em indicadores de equidade racial e socioeconômica, ou seja, se reduzir estas desigualdades na educação. Para fazer este cálculo, o INEP avalia as notas do Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) do município a cada dois anos.
A metodologia para avaliar esta condicionalidade envolve uma análise detalhada dos dados de desempenho dos alunos, categorizados por raça/cor e nível socioeconômico:
- Raça/Cor: compara se as notas de alunos autodeclarados pretos, pardos, indígenas e quilombolas tiveram o mesmo aumento, ou aumento significante em relação às notas de alunos brancos e amarelos.
- Nível socioeconômico: compara se as notas dos 25% de alunos mais pobres (de menor nível socioeconômico calculado no INSE) tiveram o mesmo aumento ou aumento significante em relação aos 25% de alunos de nível socioeconômico mais alto (mais ricos).
Se essas diferenças nos resultados educacionais entre grupos diminuírem, o município cumpre a condicionalidade.
Esta é uma explicação resumida, para entender a fundo a metodologia de avaliação do INEP, acesse a Nota Técnica.
Diferente da Condicionalidade 1, na qual os municípios precisam comprovar diretamente o cumprimento e submeter documentos, no caso da Condicionalidade 3, o INEP é responsável pelo cálculo e avaliação dos indicadores.
É fundamental que o município se atente à questão da equidade antes da prova do Saeb, realizando diagnósticos e aplicando ações visando equidade durante o ano todo, para que se tenha avanços na aprendizagem dos grupos menos favorecidos e consequentemente, nas notas destes alunos no Saeb.
Neste aspecto, o uso de dados na gestão escolar ganha ainda mais relevância para os gestores. Apresentamos algumas dicas de monitoramento da equidade educacional e de ações a serem executadas a partir dos dados avaliados.
Dados para acompanhar
O primeiro passo é utilizar um sistema de gestão escolar para registrar dados de frequência, desempenho em avaliações internas e externas, e outros indicadores relevantes. A plataforma da Leme, além de coletar todos estes dados, apresenta-os classificados por raça/cor e nível socioeconômico, para que o gestor acompanhe a equidade em tempo real. Alguns exemplos podem ser:
Para alcançar a evolução necessária para se qualificar e melhorar no VAAR, os gestores educacionais podem seguir um plano de ação estruturado:
> Confira também este guia da Fundação Lemann sobre como construir um diagnóstico de equidade racial.
O VAAR é um instrumento poderoso para o avanço da educação pública no Brasil, e fica muito mais fácil cumprir as condicionalidades quando a gestão escolar do seu município está fortalecida e empoderada por dados. Conte com a Leme se você busca implementar um sistema de gestão escolar focado no avanço da aprendizagem, que não só te apresenta os dados, como também te ajuda a encontrar oportunidades e caminhos de melhoria. Solicite uma demonstração!